No Brasil, no último domingo de setembro, celebra-se “o Dia Nacional da Bíblia”. A palavra “Bíblia” designa a Palavra de Deus escrita e consignada nos 73 livros que compõem o Antigo e o Novo Testamento.
A singularidade da Bíblia consiste no fato de que Deus nos fala através dos autores que a escreveram. Para nós cristãos, “os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas Sagradas Letras” (DV 11).
A composição dos livros da Bíblia abarca um período de cerca de mil anos, entre os anos 900 a.Cristo e o ano 100 d. Cristo. Eles foram recolhidos, pouco a pouco, através de um longo processo de escolha por parte das comunidades e formam a lista oficial dos textos bíblicos. Contam a história do amor de Deus para conosco, a História da Salvação que tem o seu centro no mistério da encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo. A Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas não só da Sagrada Escritura, mas também, da Sagrada Tradição.
O Antigo Testamento nasceu de tradições orais e o Novo Testamento, sobretudo, do testemunho dos apóstolos, sobre Jesus. Ao ler a Bíblia é importante ter em conta as maneiras (o estilo) usadas pelos autores para exprimir o próprio pensamento: parábolas, cânticos, poesia, discursos, cartas...
A Bíblia não é para nós somente uma obra de literatura universal, mas é, principalmente, a Palavra de Deus escrita que deve ser lida à luz da fé e do magistério da Igreja, tendo em conta a unidade dos dois testamentos: o Antigo Testamento prepara o Novo Testamento e o Novo Testamento é a realização do Antigo Testamento.
Nas Sagradas Escrituras tudo converge para Cristo, de tal modo, que a leitura e meditação do texto sagrado devem nos levar ao conhecimento e ao amor de Jesus Cristo. Por isso, São Jerônimo afirma que ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo. Na Bíblia nós descobrimos o projeto de Deus sobre o mundo e encontramos nela “o alimento da alma e a fonte pura e perene da vida espiritual” (DV 21). Sua leitura ilumina e orienta a nossa vida.
Nossa Senhora é para nós o modelo de ouvinte e de praticante da Palavra de Deus. “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra”.
O Documento de Aparecida recomenda, especialmente, a leitura orante da Bíblia, na qual “lendo o texto se escuta Deus que fala e orando, se lhe responde com um coração aberto e confiante”. (Bento XVI);
No Evangelho(Mt 13; Lc 8; Mc 4), Jesus compara a Palavra de Deus com a semente que o agricultor lança à terra. A semente á vida e quando é semeada em terra boa, germina, cresce e produz frutos. A Palavra de Deus é fruto eficaz, é vida e quando a acolhemos e a compreendemos, superando as dificuldades; como o desânimo, o cansaço, a superficialidade; a Palavra de Deus cria raízes profundas em nosso coração e produz muitos frutos não só para nós, mas para todo o mundo e causa em nós paz e alegria verdadeiras.
Texto extraído da Revista de Aparecida – Palavra do Arcebispo – Dom Raymundo Damasceno Assis – Arcebispo Metropolitano de Aparecida